terça-feira, março 16, 2010

Francis Bacon lover


Nos últimos instantes de história da arte, o Alexandre sugeriu um exercício: "escolher (em 5 minutos) uma obra de arte que tomássemos como referência em nossas próprias vidas, que de certa forma nos representasse." Ótimo. Em cinco minutos eu não escolho nem um pacote de bolacha no mercado... Minha cabeça fritou sozinha. Começaram as apresentações e meus dedos formigaram com medo daqueles aros escuros arrogantes, sorrindo sarcástico frente meu nervosismo de falar em público.
Jan Saudek!
Perverso, encantador e apaixonante - baita documentário, final de semana! Sou eu com lentes de aumento, mas não sou eu sem eles. Não. Ser fiel a si mesmo por comparação é um saco. Eu ouvia uns "buracos pretos na parede, pink floyd" e "livros sobre viagens fantásticas e cegueiras" dos colegas e me forcei a um segundo de silêncio. Tirei da gaveta toda a minha admiração esquecida. "O homem de azul", voluntariamente alienado das rotinas e do modo de vida atual. Um retrato da efemeridade. Eu sorri comigo: sou eu - homem de azul, numa mesa de bar, vagando um olhar aborrecido pelo vazio do espaço e dos outros, sem pretenção de que alguém me adivinhe.

Falei pausado, me encolhi no cachecol preto, sem que pudessem me encarar durante o raciocínio. Não suporto contato visual inesperado, principalmente quando estou me entregando assim.

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