sexta-feira, maio 28, 2010

Eu nunca.

Eu nunca tomei banho de piscina à noite sem roupa.
Eu nunca tive platéia cantando no banho e só notei quando saí.
Eu nunca me entupi de chocolate e fui pega vomitando no banheiro.
Eu nunca dancei sozinha no quarto e me senti a pessoa mais feliz do mundo.
Eu nunca chorei encolhida no meio do Jornal Nacional.
Eu nunca comprei uma vodka pra alguém que já tinha namorada.
Eu nunca pensei que ia morrer dentro do C4 do amigo.
Eu nunca controlei a dor e deixei de chorar por orgulho.
Eu nunca forcei o choro pra compartilhar a dor de alguém.
Eu nunca fugi de injeção com alguma desculpinha infeliz.
Eu nunca comprei presentes que não entreguei por vergonha.
Eu nunca me apaixonei para sempre e desapaixonei em dois dias.
Eu nunca tomei álcool de cozinha pensando que era água.
Eu nunca escrevi uma fatídica carta de despedida para meus pais.
Eu nunca forjei um orgasmo em dois minutos.
Eu nunca acordei com vergonha dos meus próprios sonhos.
Eu nunca tive vergonha de mostrar a barriga.
Eu nunca cantei no coralzinho de igreja.
Eu nunca brinquei de ser maestro com a agulha de tricô da mãe.
Eu nunca fiz de conta que era a noiva com vestido de dama de honra.
Eu nunca bati a cabeça na parede por autoflagelação.
Eu nunca arranquei meus cabelos por ter feito a coisa certa na hora errada.
Eu nunca chorei com pena de mim mesma.
Eu nunca perdi um guarda chuva.
Eu nunca desejei a morte prematura de alguém.
Eu nunca rezei pela saúde de quem eu não conhecia.
Eu nunca chorei, gritei, bati a porta e quebrei meu abajur de raiva do mundo.
Eu nunca matei um gato sem querer.
Eu nunca quis participar do Big Brother.
Eu nunca fumei maconha.
Eu nunca menti para meus pais.
Eu nunca me senti sozinha no meio de amigos.
Eu nunca xinguei a mãe do cabeleireiro por ter errado meu corte.
Eu nunca fui pega roubando frios no supermercado porque era final do mês.
Eu nunca deixei de comer por me achar gorda.
Eu nunca deixei de sair por me achar feia.
Eu nunca babei dormindo no trem.
Eu nunca deixei de comer churrasco por pena das vaquinhas.
Eu nunca passei a noite bebendo gin tônica sozinha no apartamento por não ter dinheiro pra sair.
Eu nunca apostei dinheiro discutindo desenhos animados com meu namorado.
Eu nunca quis ter um namorado.
Eu nunca quis viajar escondida pra praia.
Eu nunca conferi lista pra encontrar alguém na festa por acaso.
Eu nunca cuspi o remédio no lixo.
Eu nunca escrevi carta pro Papai Noel pedindo um Nintendo 64.
Eu nunca comprei a mesma roupa pra combinar com ele.
Eu nunca dancei funk em festa de 15 anos.
Eu nunca fiquei com mais de 3 homens em uma festa.
Eu nunca tive medo de extraterrestres.
Eu nunca dormi na cama da minha irmã com medo de extraterrestres.
Eu nunca comprei lingerie para um homem.
Eu nunca dei flores para um homem.
Eu nunca jurei de pés juntos que eu não sentia o que deveras sentia.
Eu nunca pensei em me matar de desgosto.
Eu nunca coloquei erva-doce na pizza pensando que era orégano.
Eu nunca comi 27 pedaços de pizza porque era de graça.
Eu nunca fiz cover hardcore de Teixeirinha com meus amigos no dia do gaúcho e quase levei detenção.
Eu nunca ganhei um santinho de gesso no amigo secreto e fiquei com raiva do coleguinha que ganhou um carrinho eletrônico.
Eu nunca pulei o muro do hospital pra tomar coca com os meus amigos.
Eu nunca dei tapinhas de boas melhoras nas costas de um paciente que eu descobri ser terminal.
Eu nunca olhei pra testa do meu pai com medo de encará-lo.
Eu nunca passei a noite acordada cuidando do filhotinho prematuro.
Eu nunca passei tão mal por causa de alguém a ponto de desmaiar.
Eu nunca desmaiei no meio da rua depois de cair da garupa do meu namorado.
Eu nunca passei meia hora rindo atirada na calçada por ter caído da garupa do meu namorado.
Eu nunca caí sem forças no chão da cozinha de tanto rir da cara dele.
Eu nunca soube cozinhar como ele.*
Eu nunca soube cozinhar nada.*
Eu nunca tive ciúmes.
Eu nunca sofri por ciúmes.
Eu nunca planejei vingança por alguém e desisti por falta de verba.
Eu nunca fiquei trancada pro lado de fora do apartamento do meu namorado e pensei que ele tivesse morrido.
Eu nunca fiz chapinha e maquiei um homem e o achei a criatura mais viril do mundo.
Eu nunca fiquei feliz por pegar chuva de madrugada só por ter com quem ficar doente.
Eu nunca usei o Google pra parecer mais culta em conversa de msn.
Eu nunca usei o Google maps para rastrear o ip dos visitantes do blog e ri muito.
Eu nunca sofri de pantomnésia e me emocionei.
Eu nunca gastei horrores de dinheiros em um sapato que eu não consigo usar.
Eu nunca fiz de conta que gostava de Júpiter Maça pra agradar uma nova amiga.
Eu nunca me produzi só pra tirar ego-shot e postar no Fotolog.
Eu nunca cobicei a mulher do próximo.
Eu nunca fiquei nua diante do espelho até eu me achar bonita.
Eu nunca ensaiei declarações comigo mesma.
Eu nunca fiz de conta que falava no celular pra parecer interessante para alguém.
Eu nunca acelerei mais do que podia no kart porque estava vencendo e destruí a parede de pneus.
Eu nunca lavei a louça e passei pano nos móveis pra não estudar.
Eu nunca fiquei com 42º C de febre e vomitei porque a cama não parava de se mexer.
Eu nunca entrei em depressão e dormi no meio da sala esperando uma ligação.
Eu nunca me senti humilhada por gostar muito de alguém.
Eu nunca passei um dia atualizando o meu email pra ver se ele respondia.
Eu nunca fiz pose de gostosa ao dormir pra quando ele chegasse.
Eu nunca quis jogar uma cadeira em cima dele toda vez que ele procura saber dela.
Eu nunca fiquei de boca aberta pro céu esperando a neve cair dentro dela.
Eu nunca pisei na neve de pés descalços e sorri mais do que podia, até não sentir mais os pés.
Eu nunca me senti a pessoa mais sortuda do mundo ao ver minha família pulando e me procurando no desembarque do aeroporto.
Eu nunca conheci o cara mais afuder do mundo e perdi o guardanapo com o número dele.
Eu nunca planejei me casar com um homem que conheci na internet.
Eu nunca vou me preocupar com a conduta de um ex-namorado.
Eu nunca errei.
Eu nunca precisei pedir desculpas.
Eu nunca odiei alguém por não conseguir mais amá-la.
Eu nunca odiei alguém por não me amar.
Eu nunca quis voltar pro colo da minha mãe com medo do futuro.
Eu nunca tive medo de mudanças.
Eu nunca me interessei em compromissos.
Eu nunca me preocupei com quem lê isso.
Eu nunca fui hipócrita.
Quem continua?

*é verdade.

3 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Roberta disse...

eu nunca vou deixar de te ler. ;)

Martini disse...

Coisas queridas assim deixam os meus dias mais coloridos...

Beijos na pontinha do nariz.