sexta-feira, abril 27, 2012

Enfim, nada é fim

Nunca tive medo de mudanças, muito pelo contrário, as desejo incessantemente, ferozmente, traçando a vida como caminhos de artérias ou galhos abundantemente ramificados. Franceses apaixonantes e apaixonados, diretores pianistas, jovens inexperientes, coincidências mórbidas, torcicolo de 16 anos e dieta sem glúten. Aqui está tudo improvável e estimulante. Na satisfação de fitar um céu diferente entre os ornamentos de cimento e folhas verdes, eu me descubro longe daquilo que me foi vital. Mas - sempre existe a porra dessa palavrinha, algumas coisas, por mais que, com o tempo, os gostos de redefinam e os desejos se redescubram em outro par de braços e uma voz marcante, ficam. Marcadas, cravadas, permanentes. Sinto novamente a dor do desespero... o passado. As dores, a felicidade e a confidência ainda estão aqui, sempre frescas. Tudo, quentinho e doce, recém saído do forno, esperando uma mordida... sempre uma última mordida, até a vida acabar.

Assim como conforta, revolta e aperta a ferida, e queima os olhos até chorar. De novo e de novo. E assim será até o dia em que não será mais. É cruel porque é verdadeiro, mas sou eu quem decide no que isso irá me afetar. Só eu vivi, só eu conheço o mal de perto, sem mascaras, apenas para mim. Então eu peço que não falem pelo meu passado, e que deixem a santidade de tudo que me é caro nele, finalmente em paz.

Deixem eu ser o que nunca fui.

Um comentário:

Renato Alt disse...

Amém.
Meu passado é o que conto dele.