domingo, maio 25, 2014

I'm still screaming




Abri a pasta cheia de arquivos de word antigos e resolvi me aventurar em caminhos traçados por uma Pâmela que estava longe de se expor tão intensamente quanto a vida lhe possibilitou viver. Senti medo de perder os pedaços que se desintegraram pelo caminho, por cansaço, por falta de paciência e por praticidade, pois ninguém tem estômago de aço pra aguentar os dramas da adolescência over and over again. Cheios de entrega e do sofrimento imaturo de corações que projetaram demais o amor por falta de experiência. Esse despertar de consciência além do drama default teve seu preço pago com a perda da espontaneidade e do sentido por tempo indeterminado. Tive que dar um passo de cada vez pra longe daquilo que me fez ser ‘eu’ por excelência, e reaprendi a manter a cabeça erguida sem que o orgulho falasse mais alto. Levou um tempinho filho da puta pra restabelecer minhas prioridades e forçar o fim do capitulo, sem que a nostalgia me puxasse de volta pelo mesmo medo que senti hoje. Pensei que nada fosse mais ter importância e passaria a viver como simples negação da morte. Até o dia em que dei outro passo pra fora do senso comum:

"Estarmos vivos e sermos capazes de sentirmos as coisa da maneira que sentimos, de darmos valores tão pessoais para nossas experiências, de forma que cada um se constrói como um universo particular, é todo motivo necessário para se estar aqui. A riqueza está no ponto de vista e no poder que temos de burlar a realidade com emoções e não apenas lógica. Certos que isso pode nos tornar vulneráveis até certo ponto, mas incrivelmente únicos e fascinantes. Meu amor já não se restringe a indivíduos específicos, está no conjunto, na gana de querer absorver um pouco de cada universo e ampliar meu próprio horizonte através da assimilação desses valores pessoais. Não existe superação sem troca, e a liberdade é uma simples questão de consciência e equilíbrio, não um atestado de independência e negação dos outros e da própria condição humana."

Talvez tenha sido difícil voltar a escrever com a mesma propriedade de antes, pois me custou acordar do coma emocional e do racionalismo extremo… Insisti por tanto tempo na ideia de que a vida só teria valor se esta seguisse uma linha pre estabelecida e as expectativas quanto ao amor romântico e grandioso, emulando aquelas incontáveis linhas cheias de lamúrias e desejo na minha frente, que mesmo restringindo meu universo às leis de outro, ao invés de integrá-lo e ampliá-lo para novas possibilidades, resolvi me proteger esse tempo todo. A luzinha acendeu. Deixei por fim meus arquivos antigos e declarei paz eterna com as Pâmelas que passaram. Não mais a “puta de um homem só” (nem de dois ou três), nem a guria que aspirava o porte de bitch independente cheia de sex apeal, nem nada em busca de auto afirmação ou belonging… Eu me aceito este recipiente vazio à espera de tudo e todos capazes de me preencher de vida (sem restrições idealistas no estilo “só vale a pena se for 8 ou 80”), enquanto meu subconsciente se encarrega naturalmente de moldar as estrelas e galáxias que me habitarão no futuro (ou de aniquilar aquelas sem combustível pra continuarem brilhando)… acho que já deu pra entender a metáfora, né?

Não tenho mais medo de apenas ser.

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