segunda-feira, abril 18, 2011

The salmon against the flow

(Mega bicks na festa que - pra mim - durou 10 minutos)
(I'll wait for you Bob)

Last night, depois de algumas cervejas, inventei de ir ao Cabaret pra tentar mudar um pouco de ares - ver se a noite rendia fora do bar. Ok, subir aquelas escadas e sentir o chão de madeira rangendo sob os pés sempre me leva à nostalgia - minha primeira noite em Porto Alegre, meu primeiro porre de coração partido, as frestas entre um banheiro e outro. Mas o lugar mudou, incontestávelmente. Os ursos e os globos de espelho sumiram, as mesinhas de boteco foram substituidas por algum tranbolho que mais parece mesa de churrasco reciclada, sem luzes vermelhas de bordel. Os banheiros são vazios, as pessoas são vazias e diferentes das de antes - jogavam-se umas por cima das outras, sem critério, de modo que o tablado em parte alguma era visível e eu me perguntava porque diabos as mulheres se preocupam tanto com os sapatos que vão usar. Não havia mais uso indevido dos sofás - se é que sobrou algum - apenas pedantismo, ou descaso. O ar viciado assumiu notas de perfumes ruins, laque e gelo seco (eu vi alguma máquina de gelo seco por lá?). Enfim, senti-me dentro do útero do capeta, pisada, bulinada, ensopada, irritada, pronta pra ser parida depois de uma encubação de 10 ou 15 minutos - foi o que bastou. Estou certa de que é por um motivo maior, de que mudanças - por piores que sejam - são inevitáveis, devem acompanhar a demanda, a moda, as tendências dos gurus da Mtv, mas não suporto mais essa desagradável sensação de dejá vu toda santa vez que resolvo insistentemente sair.
Em casa, eu abro a case de meu caro amado, pego algum cd com Portisheads ou VNV Nations, jogo os pés nus sobre o tapete e abro um vinho, acompanhando o céu escurecer e a chuva bater forte nos vidros amplos da sala. Sozinha. Porto Alegre sucumbe diante de mim e eu sucumbo junto, mas em grande estilo.

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