Today

Saí as 8h em ponto pra entregar o fruto das minhas olheiras cadavéricas e da noite virada do caramba em frente o computador, e mesmo assim me peguei sorrindo. Bem faceira e bêbada de sono enquanto derrubava um punhado de moedas e papel de bala amassado na mão do cobrador, pensando que alguma coisa nesse dia seria fucking-awesome - não tinha como não ser, sabe. Dentro de mim eu desejava que todas as pombas morressem para dar lugar ao canto esquecido das andorinhas, que câncer fosse tão grave quanto calo no dedão do pé e que aquele acionista nova yorkino insone recém-divorciado encontrasse a puta mor que o fizesse gozar a melhor gozada de sua vida, que seria melhor que heroína ou bilhete premiado de loteria. Eu desejava bem a tudo e a todos, mesmo sentada em frente o computador da agência prevendo o reajuste de pelo menos metade dos desenhos. P a c i ê n c i a.

Até comprei cacetinho e presunto magro pra tomarmos café da manhã (Schneider) no corredor do prédio e disse pra mim mesma que essa é a vida que a gente pede aos céus quando estamos prestes a dizer sim na frente do altar. E mesmo que o orçamento seja apertado, que eu tenha que sentar em cima da maquina de lavar pra ela não sair sambando cozinha afora, e que meu estômago tenha descoberto como produzir ácido fluorídrico, eu me sinto segura o suficiente pra dizer que dessa vez a carroça anda.

Ãnfã. Não importa se já são 8:30 da noite e nada relevante tenha acontecido ou que meu amado Primal Scream vai tocar justamente o álbum que eu mais detesto deles. FODA-SE em letras garrafais, o dia vai ser awesome. Porque tudo está na eminência de o ser quando a gente aprende a não ter mais medo de nada, nem de ninguém.