quarta-feira, janeiro 25, 2012

88 olás

Hoje cortei as unhas longas e pontudas que até ontem eu mostrava orgulhosa pra mutty, calcei os tênis novos, amarrei o cabelo atipicamente no topo da cabeça e deixei a maquiagem de lado. Não consegui me preocupar com mais nada, nem com meu amigo, que me conhece tão bem, avisando que eu talvez não teria persistência - porque o querer persistiu mais de uma década.
Conheci os outros senhores da troupé, e depois me dirigi a sala. O sangue fervia enquanto o cérebro evaporava pelos ouvidos, e tinha cheiro de morangos com creme chantilly e madeira, como eu sempre imaginei. Só o coração que continuou batendo forte, e os dedos acompanhando. Uma série de dedos descompassada. Tive os 6 anos que sonhei, mas num corpo de 23. Senti aquelas borboletas na barriga, que a gente sente no primeiro encontro, ao cumprimentar mentalmente cada um daqueles dentes levemente gastos, porém muito simétricos e alinhados - o sorriso mais lindo do mundo. E por fim, a professora - que segundo ela passaria o dia me dando aula, disse que eu o deveria ter conhecido há muito tempo atrás. Mas não foi. E eu não ligo.
Meu futuro marido talvez me custe um pouco caro pro bolso, mas enquanto as pessoas gastam com viagens, roupas e festas, eu posso me segurar aqui e aproveitar a sua ilustre companhia por muito tempo. Assim como tanto fiz com o outro marido - mas aquele era companheiro, o melhor de todos.
Só espero que ele entenda - o piano, é claro.

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