terça-feira, março 27, 2012

On and on

Ele estaria do meu lado esperando o sol baixar pra tomarmos cerveja em algum boteco e sorriria a toa da minha cara entre suas pernas cruzadas e das crianças que correriam atrás de bolas e cuscos, como se quisesse deixar claro de que seriamos os próximos. Eu pensaria na fome, no dinheiro que eu levava junto, na roupa que teria que passar caso saíssemos e toda minha cota de frivolidades femininas em busca de atenção, acompanhando com a mão estendida as nuvens serem arrastadas pra longe, como quem abana pra dor passar. E elas passariam com o tempo, e o tempo levaria o resto de nós. Como sempre. Até o próximo final de semana, e o próximo filme bizarro, o próximo sonho, ideia infalível, faculdade, apartamento, desejo, tara. Ficaria o amor. Estéril e verdadeiro amor.
Na falta do que fazer viriam as brigas, a náusea, a falta de chão, de família, de objetivo, as revelações, a dissimulação. Ele se lamentaria e eu passaria a exigir. E o amor viraria responsabilidade, e a vida deixaria de ser vida, e o dinheiro assumiria tudo que o coração inventasse.
Eventualmente eu enlouqueceria por razões próprias e fugiria.
E me apaixonaria.
E ele esqueceria.
E a vida seguiria.
E a cerveja acompanharia o próximo amor.

2 comentários:

Bruna disse...

Porto Alegre fica cada dia mais cinza e melancólica, um dia isso foi charmoso, mas chega uma hora que sofrer perde a graça.

Martini disse...

EXATO!
CANSA!