segunda-feira, agosto 04, 2014

The walls wisper forgotten intimacies


Com a idade, perdeu o pudor. As curvas úmidas, rosadas e proibidas, tornaram-se parte de um todo que a unia dos pés às mãos, joelhos e cotovelos. Permitiu ser para si e para o mundo o que antigamente estava reservado aos olhos de seus amantes. Ouviu que "vulgarizações" a tornariam menos desejada, menos respeitada. Sentiu doer o orgulho de quem buscava independência e não sabia em quem se apoiar. Resgatou em seu próprio corpo um sentimento simples de liberdade e natureza. Não haviam extravagâncias, apenas a vontade de ser o que se é... um bicho. Mas mesmo bicho sentiu latejar na carne o desejo que não se limita aos instintos... Ela sente... sente tanto que, entre noites em claro procurando defender sua identidade, lembra que existe amor de baixo de toda pele que anseia. Ela lembra que em todo esse esforço, existe um grito de solidão.

Não há pra onde fugir... Tu amas... e sabes que somente no amor há razão para ser livre.

7 comentários:

Anônimo disse...

Linda sempre... musa da tiazinha aqui.
XP

Martini disse...

e quem seria a "tiazinha aí"? XD

Unknown disse...

na vitrine a oferta pingente
diviniza teares surrados
que vestem patéticos e mal acabados
terríveis manequins de gesso
no café, os habitués
repousam seus dedos nas lavandas
e velhas molham com saliva
obsoletos manuais Prét-à-portait.
há um viés de ironia
irrompe agora um olhar, me fita
como anágua última
despe minha carne aos – ais –
sussurra !
porquanto penso na barba por fazer.

Cris Castro/ 2007, revisado em janeiro de 2014 (Dedicado à você Martinerror e à Vladmir Nabokov, com admiração e afeto)

Martini disse...

a poesia do cotidiano me soa meio surrada por si só... o que me interessa é o que passa por trás do véu de todos esses olhares desinteressados

Unknown disse...

Fui parido em plena guerra fria e parte substancial daquilo que me constitui vem da apropriação dos espaços e psico-geografias enquanto suporte. Mas admito que isso fossiliza e me congela o gesto criativo. Acho que da minha cartografia de representações recentes, o que tu tens produzido, especialmente no AMT, transversaliza esse meu polo-emissor de que te falo, com a estética da existência a qual intento dialogar, conectando "The Hunger" e "Blame". A materialidade discursiva do corpo em tua verve é tenaz, tentacular...

Anônimo disse...

atrás daquele morro passa boi passa boiada, quanto movimento!!!!!

Martini disse...

hahahahahahaahahahaha