sábado, janeiro 26, 2019

17 de abril de 2018


30 anos na cara e uma cerveja na mão. São Paulo parece que me engole aos poucos, inteira. Uma jiboia do tamanho de uma cidade. E agora, mais que nunca, eu preciso ser humano, mas humano filho da puta. Munido até os dentes. Malandro e com os colhões na mão. Cansei de prestar atenção no que eu não posso (ainda). Cansei de mendigar o que deveria ser meu por direito. 30 anos, e nem uma página preenchida na minha carteira de trabalho. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é o que aprendi que eu tenho. Desde pirralha. Minha mente é uma maria-fumaça queimando estímulo e informação, rápido de mais pra fazer alguma coisa com elas antes de virarem pó. É a cólica, as contas, o namorado, o aluguel, a pressão, dor de cabeça, cigarro, dente quebrado, olheiras, grana, é-que-o-niilismo-sabe, cabeça a mil. Tudo a mil. A ex a mil, a economia no buraco, mas os ricos à mil. O mercado da arte tá favorável. Onde tem grana, tá favorável. Tudo. Mas eu tô com medo. Medo do não. É o perfeccionismo. A tinta que eu uso é ruim. A vida. A sina caralho! Meu cú. Arregaçado pela jiboia. Foda-se é o que eu digo.
Cansei, tá ligado? C-a-n-s-e-i.
Amanhã é sempre a mesma coisa. E hoje é sempre a mesma história. Tô afim de me dar bem, é o que eu digo. Tô afim de ter grana pra gastar. De dar um lanche pro tio do papelão sem pensar na minha barriga semana que vêm. De comprar um tênis novo porque o meu entra água quando chove. De pagar fisio pro meu gato. De encher a cara com Stella Artrois à 15 pila. De ver o mundo por cima, mas não deixar o nariz por lá. Eu quero me dar bem sem que o mundo saiba se eu sou loira ou morena. Meu trabalho com poder de venda sem ninguém ao certo saber quem eu sou no meio do vernissage.
Eu vou ser foda. Eu vou ser foda. Eu vou ser a pica dessa jiboia. Minha cidade natal vai ser lembrada porque eu sou de lá. Minha mãe vai dizer que tá orgulhosa e vai ser eu quem vai pagar a próxima viagem. Todo mundo pra praia, porque Europa já tá saturada. Europa é óbvia de mais pra gente como eu. Praia dentro da tenda. Praia com churrasquinho na grelha de latão. Trilha longa e bronzeado de óculos e camiseta em todo mundo. Eu vou ser foda. E vou dar pra minha vó aquelas coisas que ela já nem pensa mais em correr atrás. Eu vou dar tudo que eu puder e deixar um pouco pra mim. O suficiente pra ser sozinha. Sozinha quando eu quero, por quanto tempo eu quiser.
MARK MY WORDS: EU VOU SER FODA!
NÃO... EU VOU MOSTRAR AO MUNDO COMO EU SOU FODA!

Um comentário:

Anônimo disse...

Go n' get it, your little crazy